Um Espinho na Carne (2Corintios 12.7)

Um Espinho na Carne (2Corintios 12.7)

Alistair Begg

E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. (2Co 12.7)

Se você reunir muitos músicos talentosos que estão interessados apenas em suas partes individuais, você não terá uma orquestra. O que você produzirá é meramente um ruído discordante: uma afronta ao ouvido atento. No entanto, quando esse dom é exercido em altruísmo e humildade, sob a liderança de um maestro e a regra de uma partitura, você obtém uma música bonita e harmoniosa.

Assim como o desejo de um músico pela grandeza individual é a sentença de morte da utilidade orquestral, o mesmo acontece com nossa fé cristã. Um dom espiritual nunca deve ser motivo de orgulho — porque, afinal, é um dom!

No entanto, muitas vezes somos tentados a tomar os dons dados por Deus e atribuí-los a nós mesmos como se os tivéssemos desenvolvido ou os merecêssemos, ou usá-los para nós mesmos como se fossem nossos. Isso nos coloca em extremo perigo de alimentar ideias exageradas sobre nossa própria importância — e aqueles com os dons mais significativos geralmente correm o maior perigo.

O próprio Paulo teve de enfrentar essa tentação. Ele era particularmente brilhante, tinha uma educação excelente, vinha do melhor tipo de formação e era influente para muitas vidas (veja Fp 3.4-6).

Ao enfrentar os falsos apóstolos da época, que estavam fazendo afirmações elaboradas sobre seu conhecimento de Deus, Paulo descreveu honestamente ter tido visões extraordinárias (2Co 12.2-4). Ele era um alvo principal para um ego inflado. O que o protegia disso? Um espinho em sua carne.

Ele não especifica exatamente o que era e, portanto, seria sensato não especular. O que importa não é o que era, mas o que isso realizou; pois Paulo reconheceu que esse espinho na carne era um lembrete humilhante de Deus de sua fraqueza inerente, dado para que ele não se vangloriasse de sua própria importância e para que continuasse a confiar em Deus.

Como os falsos mestres a quem Paulo se dirigiu, muitas vezes somos tentados a permitir que nossa influência e aparente sucesso, sejam estes grandes ou pequenos, sirvam como o meio pelo qual julgamos nosso valor. No fim das contas, porém, tais assuntos temporários serão expostos como temporários e desaparecerão.

Na providência e bondade de Deus, o “espinho” de Paulo nos ajuda a entender nossas próprias dificuldades, como doença, dificuldade financeira, desafios relacionais, o esforço de criar filhos e até mesmo a luta contínua contra o pecado.

Deus sabe o que está fazendo quando permite esses elementos necessários, desconfortáveis e implacáveis em nossa vida. Melhor ser um crente humilde assediado por espinhos do que ser orgulhoso e autoconfiante, não atormentado por nada, porém deixando de ser crente. Precisamos conhecer nossa própria fraqueza para continuar a confiar na graça de Deus para nossa salvação eterna e no poder de Deus para nossa vida diária.

A questão, portanto, não é se os espinhos virão até você, mas se você permitirá que Deus use seus “espinhos” para lembrá-lo de que somente ele é a fonte de seus dons e aquele que o torna espiritualmente útil.

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