Shalom,
A Parashá Chaiei Sarah descreve um dos momentos mais sensíveis da jornada de Abraão: depois de quase perder Isaac no Monte Moriá e de perder Sarah definitivamente, o texto afirma apenas que Abraão “chorou por ela”, e logo depois, “Abraão se levantou”. Estas palavras, tão breves, carregam uma das chaves espirituais mais profundas de toda a Torá: o justo não permite que o passado aprisione o futuro que Deus lhe confiou.
Abraão tinha motivos suficientes para encerrar sua história ali. Ele era um homem marcado por traumas, perdas e promessas ainda não cumpridas. Mas, em vez disso, ele agiu. Comprou a primeira porção da Terra Prometida e garantiu uma esposa para Isaac. Ele colocou em movimento as promessas de terra e descendência, mostrando que a fé verdadeira não é passiva; ela responde ao chamado de Deus com passos concretos.
Paulo entendeu esse princípio espiritual quando escreveu: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo” (Fp 3:13–14). A fé messiânica não pode se deter nos traumas do passado. Temos que caminhar em direção ao amanhã que o Eterno preparou desde antes da fundação do mundo.
E é em Yeshua, o Messias de Israel, que essa verdade encontra seu centro. Ele é Aquele que nos tira da condenação do passado e nos conduz para o futuro da redenção. Ele mesmo declarou: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Ele nos chama, como chamou seus discípulos, a levantar, seguir, e não olhar para trás (Lc 9:62). Em Yeshua, a ressurreição não é apenas um evento histórico, mas um convite diário: levantar, reconstruir, prosseguir.
A Nova Aliança anunciada por Jeremias diz que o Eterno colocaria Sua Torá em nossos corações (Jr 31:31–33). Isso significa que a redenção já começou dentro de nós. Ninguém que carrega a Torá viva no coração pode permanecer preso às prisões do passado. A presença de Yeshua em nós é a esperança que nos levanta, a força que nos move e a certeza de que há um caminho diante de nós preparado desde a eternidade: “Porque somos feitura Dele, criados em Messias Yeshua para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10).
Chaiei Sarah, portanto, não é apenas sobre morte, mas sobre continuidade. Não é sobre perda, mas sobre propósito. Não é sobre o peso do passado, mas sobre o futuro que Deus confia às Suas alianças. Abraão nos mostra que fé verdadeira é levantar-se — mesmo quando o coração está ferido — para participar ativamente da história que o Eterno ainda está escrevendo através de nós.
Que esta Parashá nos ensine a ouvir, como Abraão, a voz que vem do futuro; e que Yeshua, o Autor e Consumador da nossa fé, seja Aquele que nos levanta e nos conduz para o caminho que o Pai preparou. (Ministerio Ensinando de Sião).