Suicídio e Setembro Amarelo

Setembro Amarelo

A Importância da Prevenção ao Suicídio**

 

Setembro Amarelo é uma campanha internacional de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, lançada pela primeira vez no Brasil em 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O objetivo é promover o diálogo e sensibilizar a sociedade sobre a importância de falar sobre o suicídio, visto que este ainda é um tema cercado por estigmas e tabus. A cor amarela foi escolhida como símbolo da luz e da esperança, refletindo a ideia de trazer à tona um assunto que é, muitas vezes, tratado com silêncio.

O suicídio é uma das principais causas de morte em todo o mundo, com cerca de 700 mil pessoas tirando a própria vida todos os anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, esses números são subestimados, visto que muitos casos não são registrados oficialmente como suicídio devido ao estigma ou a crenças culturais. No contexto do Brasil, é estimado que ocorrem cerca de 14 mil suicídios por ano, ou seja, uma média de 38 por dia. A faixa etária mais afetada varia, mas tem havido uma crescente preocupação com jovens e adolescentes.

Diversos fatores podem contribuir para o surgimento de pensamentos e comportamentos suicidas. Entre os principais estão os transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade, que, quando não tratados adequadamente, podem levar a sentimentos de desesperança e desespero. Outros fatores de risco incluem experiências traumáticas, abuso de substâncias, isolamento social, violência doméstica, entre outros. No entanto, o suicídio raramente resulta de uma única causa, sendo frequentemente o resultado de uma combinação complexa de fatores psicológicos, sociais e biológicos.

É importante reconhecer que o suicídio é prevenível. Em muitos casos, as pessoas que estão em risco exibem sinais de alerta, como mudanças súbitas no comportamento, fala sobre morte ou desejo de desaparecer, perda de interesse por atividades anteriormente prazerosas, isolamento social, entre outros. Identificar esses sinais e agir pode ser vital para evitar uma tragédia.

 

Como Ajudar Pessoas com Depressão e Comportamentos Suicidas

 

Ajudar uma pessoa que está a sofrer com depressão ou pensamentos suicidas requer sensibilidade e uma abordagem cuidadosa. Seguem-se algumas propostas de ação:

  1. Escuta ativa e empatia: Uma das formas mais eficazes de apoiar alguém em sofrimento é simplesmente estar presente e ouvir. Muitas vezes, quem está a passar por uma crise sente-se isolado e incompreendido. Criar um espaço seguro onde a pessoa possa desabafar, sem julgamentos, pode ajudá-la a sentir-se acolhida e apoiada.
  1. Estimular a busca por ajuda profissional: Depressão e pensamentos suicidas são problemas sérios de saúde mental que frequentemente requerem intervenção de profissionais, como psicólogos ou psiquiatras. Encorajar a pessoa a procurar ajuda profissional, seja através de terapia ou tratamento medicamentoso, pode ser um passo essencial no processo de recuperação.
  1. Manter contato constante: O isolamento social é um dos fatores que agravam a depressão. Manter-se em contacto regular com a pessoa, seja por mensagens, telefonemas ou encontros presenciais, demonstra que ela não está sozinha. Pequenos gestos de carinho e atenção podem ter um impacto positivo significativo.
  1. Incentivar hábitos saudáveis: Embora não sejam a solução para o problema, hábitos saudáveis como uma alimentação equilibrada, prática de exercício físico e boas noites de sono podem ajudar a melhorar o humor e reduzir os sintomas depressivos. O apoio para que a pessoa adote essas práticas pode contribuir para o seu bem-estar geral.
  1. Conhecer os recursos de emergência: Se a pessoa está num estado de crise e apresenta risco iminente de suicídio, é importante saber quais os recursos de emergência disponíveis, como linhas de apoio ou serviços de emergência psiquiátrica. No Brasil, por exemplo, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito e confidencial 24 horas por dia, através do número 188.
  1. Evitar minimizações ou julgamentos: Frases como “Isso é só uma fase” ou “Tens que ser mais forte” podem ser prejudiciais. É fundamental validar os sentimentos da pessoa e reconhecer que a sua dor é real. Mostre-se compreensivo e disposto a ajudar, sem fazer julgamentos.

 

Em suma, o Setembro Amarelo é uma oportunidade para trazer à tona discussões importantes sobre saúde mental e prevenção ao suicídio. Falar sobre o tema, oferecer apoio e encorajar a busca por ajuda são passos fundamentais para ajudar aqueles que estão em sofrimento. Afinal, a prevenção do suicídio é uma responsabilidade coletiva, e pequenos gestos de empatia podem salvar vidas.

 

Paulo Ernesto Lacombe Klingelfus

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