A SERIEDADE DO SUICIDIO

A seriedade do suicídio

John Piper

Então, vamos ser claros agora. O auto assassinato é algo sério. Estamos falando sobre algo seríssimo aqui. É espiritual e eternamente sério assassinar a si mesmo. Não é uma coisa leve. E qualquer um que esteja me ouvindo agora e que esteja pensando em suicídio deve me ouvir dizer: Não faça isso. Existe uma maneira melhor de lidar com sua dor. Prometo-lhes que, em nome de Jesus Cristo, há uma maneira melhor. Você não sente isso, talvez, agora, mas seus sentimentos não são verdadeiros. Eles estão enganando você. É verdade que Deus tem outro caminho para você. Ele sempre faz outro caminho. Espere por ele e busque a ajuda de que precisa, porque a Bíblia leva muito a sério quando fala sobre assassinato.

Em 1 João 3.15 vemos que “Todo aquele que odeia seu irmão é homicida, e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” Agora, isso deve assustar as pessoas que estão pensando em acabar com suas vidas assassinando a si mesmas. Então, o que isso significa? A vida eterna e o assassinato não podem estar juntos na mesma alma. Mas vamos ter cuidado agora. Não vamos levar isso além do que leva. Ele quer dizer que todo mundo que tem um momento de ódio é uma pessoa odiosa? Provavelmente não. Ele quer dizer que todo mundo que tem um momento assassino é um assassino? Essa é uma questão importante. Eu duvido que a resposta seja sim para essas perguntas.

Sim, a Bíblia diz que devemos perseverar até o fim para sermos salvos, como em Marcos 13.13. Ou Hebreus 3.14: “Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos.” Trata-se de um aviso muito grave. Mas isso não significa que nossa experiência de confiança em Deus até o fim seja perfeita, de maneira que não tenhamos lapsos de pecado que demonstrem que não estamos confiando totalmente em Cristo. Todo pecado, todo o meu pecado – o pecado que cometo esta tarde, amanhã, ontem – está todo enraizado em algum nível de desconfiança na bondade suprema de Deus. E eu não entro e saio da vida eterna quando peco, embora essa medida de desconfiança se manifeste em meu pecado. Eu não deixo de ser cristão quando tenho maus momentos.

Portanto, dizer que devemos perseverar até o fim com confiança não significa que você deve perseverar até o fim em impecabilidade ou perfeita confiança em Cristo. Há imperfeição em nossa confiança.

Nosso último ato

A questão agora é se uma pessoa que comete suicídio vai para o céu. Essa questão se resume a isto: Se uma pessoa tem confiado em Cristo como seu Salvador, seu Senhor, seu tesouro, o último ato de sua vida são decisivos para mostrar sua verdadeira posição como filho de Deus? Eis a questão-chave. O último ato – no caso deles, assassinato – conta como decisivo no dia do julgamento para mostrar que estávamos em Cristo ou não? O último ato é aquele que determina se nossa fé era real? Ou todos os outros atos da vida contam como evidência também?

Deixe-me fazer uma analogia. Isso ajudou muitas pessoas a entender sobre isso todas as vezes que ensinei sobre isso. Espero que ajude. Suponha que eu, uma noite – digamos agora, à beira dos meus 80 anos; pode ser a qualquer momento – ficar com tanta raiva da minha esposa que eu saio de casa. Eu bato a porta. Eu entro com tudo em meu carro e vou para a estrada e estou tão fora de controle e tão zangado, tão pecaminoso – deixe-me acrescentar – tão pecaminosamente irado que calculo totalmente errado uma dessas curvas estreitas de uma estrada aqui perto de casa, e em alta velocidade, eu saio fora da pista e eu e meu carro voamos de um penhasco de algumas dezenas de metros de altura, e então eu morro. Agora, meu último ato de vida foi o pecado, e eu me matei por meio do meu pecado. Eu não pretendia me matar, mas eu fiz. E foi o pecado que fez isso acontecer. Então, a última coisa que fiz foi pecar. Esse último pecado é decisivo para determinar se John Piper nasceu de novo?

E minha resposta é: não necessariamente. Em outras palavras, Deus olhará para a minha vida. Ele examinará toda a minha vida, e as evidências de que pertenço a Ele serão avaliadas não apenas por causa desse fracasso, não serão avaliadas por um ato isolado. Por que nosso último ato de vida seria decisivo quando todas as outras nossas atitudes são igualmente sérias?

Momentos de desespero

Portanto, a última pergunta torna-se esta: Pode um cristão estar tão deprimido e temporariamente cego para a esperança do Evangelho ao ponto de tirar a própria vida em um momento temporário de desespero? E acho que a resposta para isso é sim.

Agora, isso é um julgamento de minha parte para dizer que as estações de escuridão da alma vêm e vão na vida cristã. É perigoso dizer isso, porque todos nós somos facilmente enganados e ficamos aterrorizados só de pensar na ideia de tentar encontrar Jesus por meio do suicídio. Essa é uma escolha horrível. Mas entre o terror que devemos sentir sobre essa escolha e a desesperança para a vítima do suicídio, entre esses dois extremos estou agitando uma bandeira de esperança de que a verdadeira fé pode ter sim uma temporada tão sombria.

 

 

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